terça-feira, 16 de outubro de 2012

Irreal...

  “Antes que eu pudesse olhar para ele novamente, algo não desceu por minha garganta. Talvez pudesse ser um choro que tanto tentei evitar, desde o início, e que agora estava preso.
   Minhas mãos ficaram frias e de repente eu corpo todo tomou posse da sensação térmica daquele momento. Logo pensei em deixar tudo para trás e seguir em frente, por que sabia que no final de tudo, alguém não estaria esperando por mim. Então, seria melhor eu ficar sozinha do que mal acompanhada. Preferi deixa-lo morrer ali, por que por mais fácil que fosse começar um ato, sabia que seria difícil mante-lo até o fim.
   Então o encarei. Ouvi um sussurro vindo de seus lábios, somo se estivesse agora naquele ultimo momento, implorando para que eu o deixasse vivo para estar comigo. Porém, a lâmina estava tão firme em minhas mãos, que antes de ser tomada pelo primeiro sentimento de nostalgia e arrependimento, eu o matei.
   A lâmina guiada pelo meu impulso, teve a ousadia prazerosa, de seguir a direção de ferir o coração dele, ao qual tanto amei. Logo o corpo dele se desequilibrou por um momento, mas meus braços não permitiram o soltar, o deixar cair e se afastar de mim.
  Os olhos escuros e frios que tanto aparecera em meus livros, tomaram a direção dos meus. Porém agora fora tarde demais, e nenhum sentimento de culpa e arrependimento poderia me invadir naquele segundo. Pois saberia que se tornara inútil daqui para frente, quando eu presenciasse sua ausência.
   Mas me conduzi a devolver o olhar com a mesma intensidade, que de repente, diminuiu quando pressionei os lábios e percebi que seus olhos lentamente, estavam se fechando. Seu corpo deslizou agora que se tornaram pesados, meus braços não conseguiram mais o suportar. Assim que olhei para baixo ao sentir minhas mãos ficarem mornas, percebi o sangue vermelho que estava começando a penetrar no tecido preto de ambas as camisetas pretas.
   Naquele instante, ajoelhada em meio a floresta, encarei seu rosto que repousava no meu colo. Árduo, frio e forte. Soltei um suspiro. Inclinei meu rosto até o momento em que pudi senti-lo tão perto. Lentamente, meus lábios tocaram os dele e no mesmo segundo, senti o frio vindo da sensação do toque, e somente ali, realmente percebi, que eu o tinha perdido. Pois de fato, seus lábios continuavam imóveis e não acompanharam mais o ritmo dos meus.
Um ultimo ato ao qual conclui, que de fato me deu a certeza de que eu o amava, foi quando uma lágrima morna e pequena, escapou dos meus olhos e foram parar no rosto dele”



- Acordei com as mãos suadas e a respiração instável, porém os olhos vermelhos como mostrava no reflexo do espelho fixado no teto. Uma sensação de alívio me invadiu ao saber, que tudo aquilo, passava somente de um sonho, ao qual, não permiti que as lembranças, repousassem em minhas memórias. 


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